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PLANO TERAPÊUTICO – FOCO NA COMUNICAÇÃO ASSERTIVA DO CASAL

PLANO TERAPÊUTICO – FOCO NA COMUNICAÇÃO ASSERTIVA DO CASAL

Com minha experiencia em atendimento de casais em 20 anos, desenvolvi este plano terapêutico para casais, o qual promove a restauração do vínculo comunicacional e afetivo entre o casal, desenvolvendo uma linguagem relacional baseada em respeito, empatia, escuta e expressão emocional madura, e gostaria de partilhar.

  1. Mapeamento dos Padrões de Comunicação

Objetivo: Identificar estilos e gatilhos de conflito.

  • Observar o padrão “pergunto–ela se cala” e “ela se cala–eu insisto”, que gera escalada de tensão.
  • Reconhecer o impacto do tom de voz, ritmo e linguagem não verbal (postura, expressão).
  • Trabalhar a diferença entre comunicar-se para resolver e comunicar-se para provar um ponto.
  1. Regulação Emocional e Tom Afetivo

Objetivo: Diminuir o tom agressivo e aumentar a empatia.

  • Exercitar o falar com leveza, educação e delicadeza, mesmo diante de desacordos.
  • Treinar o ritmo da fala: falar mais devagar e pausadamente.
  • Evitar ironias, sarcasmos, figuras de linguagem e “alfinetadas”.
  • Substituir expressões ofensivas por comunicação assertiva (“Eu me sinto”, “Eu percebo”, “Eu gostaria”).
  1. Empatia e Escuta Ativa

Objetivo: Criar um espaço seguro de fala para ambos.

  • Trabalhar o bloqueio dela em relação à fala e o controle dele sobre o diálogo.
  • Desenvolver escuta empática: não interromper, ouvir sem preparar respostas, validar emoções.
  • Diminuir a percepção de que “um quer ensinar o outro”, substituindo por “querer compreender o outro”.
  1. Limites e Respeito no Cotidiano

Objetivo: Estabelecer fronteiras claras entre vida pessoal e profissional.

  • Definir limites para interrupções em momentos de trabalho ou reuniões.
  • Treinar acordos de convivência (horários, espaço de fala, privacidade, tempo individual).
  • Estimular o respeito mútuo nos momentos de tensão, evitando xingamentos e reações impulsivas.
  1. Construção de uma Comunicação Construtiva

Objetivo: Criar um canal contínuo de diálogo saudável.

  • Estabelecer o “momento do casal” semanal para conversar com tranquilidade.
  • Focar em soluções conjuntas, não em críticas.
  • Praticar a técnica “eu em vez de você” — falar de si, não acusar o outro.
  • Trabalhar a ideia de “reclamar menos, se aproximar mais”: buscar entendimento, não vitórias.
  1. Exposição Pública e Resolução Privada

Objetivo: Proteger o vínculo conjugal e a imagem do casal.

  • Evitar expor conflitos em público, familiares ou redes sociais.
  • Aprender a resolver diretamente com o parceiro, com foco em maturidade emocional.
  1. Trabalho Individual Dentro da Relação

Objetivo: Autoconhecimento e autorregulação.

    • Ele: aprender a transformar o tom de liderança (gestão) em comunicação afetiva.
    • Ela: aprender a abrir espaço para o diálogo sem se fechar na defesa.
  • Ambos: praticar o cuidado mútuo, em vez de buscar “quem está certo”.

Psicoeducação sobre Estilos de Comunicação

O casal deve identificar seus padrões predominantes:

  • Agressivo: impõe, critica, fala alto, usa sarcasmo.

  • Passivo: evita conflito, se cala, acumula ressentimento.

  • Passivo-Agressivo: usa ironia, provoca, ignora.

  • Assertivo: comunica com respeito, clareza e empatia.

 

Regulação Emocional e Consciência Corporal

Muitas falhas na comunicação vêm da descarga emocional — o tom agressivo, a impaciência e a irritação são sintomas de tensão não regulada.
Intervenções úteis:

  • Pausa consciente antes de responder (contar até 5).

  • Respiração diafragmática para reduzir o tom e desacelerar.

  • Identificar o gatilho emocional (“Por que isso me fere tanto?”).

  • Combinar a “regra dos 10 minutos”: se um dos dois estiver alterado, adiar a conversa para quando ambos estiverem calmos.

Espelhamento e Validação Emocional

Treinar o casal a:

  • Repetir o que o outro disse, confirmando que entendeu (“Então, o que você quis dizer foi que se sentiu ignorada quando eu…”).

  • Validar o sentimento, mesmo sem concordar (“Entendo que você se sentiu magoada com meu tom”).

Isso quebra o ciclo de defesa e ataque e cria empatia.

Contrato de Comunicação Conjugal

Durante a terapia, o casal pode firmar acordos práticos, como:

  • Evitar discussões em público.

  • Não levantar a voz nem usar palavrões.

  • Ter um “momento semanal de diálogo” para resolver pendências.

  • Não interromper o outro até o final da fala.

  • Focar na solução, não na acusação.

Técnica da Escuta Ativa Empática

  • Ouvir para compreender, não para responder.

  • Fazer perguntas abertas: “Como você se sentiu com isso?”, “O que te faria se sentir mais acolhida?”

  • Demonstrar presença através do olhar, postura e silêncio receptivo.

Trabalho de Autoconhecimento e Vulnerabilidade

Como ele “é da área de gestão”, tende a usar o raciocínio lógico e argumentativo nas discussões — mas a comunicação afetiva exige abertura emocional, não racionalização.
Ela, por outro lado, tem bloqueios para falar e precisa aprender a se expressar sem medo de ser julgada ou corrigida.
Trabalhar a vulnerabilidade dos dois é essencial para gerar intimidade emocional.

Rituais de Reconexão

  • Reservar um momento do dia para diálogo leve, sem críticas.

  • Iniciar conversas com afeto e gratidão (“Gostei de como você me ouviu ontem”).

  • Usar humor positivo e gestos de carinho para reaproximar.

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