O Poder de Permanecer: Como a Resiliência Cura a Crise no Casamento e Fortalece o Amor

“Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe, a irmã dela, Maria de Cleofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse a ela: ‘Mulher, eis aí o teu filho’. E ao discípulo: ‘Eis aí a tua mãe’.” (Jo 19, 25-26)
A cena que o evangelho de hoje nos apresenta é de uma beleza e uma dor que se misturam de forma avassaladora. Jesus, na cruz, em meio ao sofrimento mais extremo, não está sozinho. Aos Seus pés, está Maria, Sua mãe, e o discípulo amado.
Essa atitude de Maria, a primeira entre os discípulos, é um manual de instruções para a nossa vida e, especialmente, para o nosso casamento. A cruz, em nosso relacionamento, não é feita de madeira e pregos, mas de crises, de traições (sejam elas pequenas ou grandes), de dores que não sabemos como curar, e da demolição das certezas que um dia tivemos. O instinto humano, diante de uma dor tão intensa, é o de fugir. Abandonar o navio, pular fora, buscar a liberdade em outro lugar.
Mas Maria nos ensina algo diferente. Ela nos ensina a permanecer. A ficar ao lado da cruz, sem fugir dela, sem perguntar o porque e o para que, mas ficar ali, perseverando, esperando a resposta final do Pai, diante do mistério da cruz. Sem correr no desespero da dor. A única coisa a fazer, nesse momento, é ficar. Estar presente.
A resiliência de um casal não se mede pela ausência de problemas, mas pela coragem de ficar junto quando o mundo parece desmoronar. A crise no casamento é como um boxeador no ringue, que mesmo atordoados e sem chão, continua lutando, superando os seus medos e a sua dor, para vencer. A nossa tendência muitas vezes diante do sofrimento é querer desistir. Mas é nesse momento de fraqueza que o amor pode se tornar mais forte do que nunca. É na crise que descobrimos a verdade da nossa união.
O que você e o seu cônjuge estão fazendo diante da cruz do seu relacionamento? Onde estão? Vocês estão fugindo? Ou estão, como Maria, permanecendo de pé? Ficar não significa passividade. Significa confiar com fé, mesmo quando tudo parece indicar o contrário. Significa se abrir para a dor do outro, significa depor a armadura e lutar juntos, não um contra o outro, significa carregar a mesma cruz. Significa ter a coragem de estar ao lado de quem você ama, mesmo sem saber como resolver o problema.
A cura de um relacionamento não vem de fugir do sofrimento, mas de abraçá-lo juntos. A cura vem do estar juntos, para superar juntos. É no ato de permanecer, de morar na confiança mútua, que a intimidade se aprofunda de uma forma que a felicidade superficial jamais poderia alcançar.
Por fim, a cruz pode ser o fim, ou a chave de leitura do amor de Deus por vocês. A cruz pode ser o sinal do amor de Deus que amou até o fim, e te chama a lutar pelo seu relacionamento amando até o fim, fazendo tudo o que está ao teu alcance. Jesus, na cruz, não está pendurado por Sua culpa, mas por amor. Da mesma forma, em um casamento, a cruz pode ser compartilhada, sendo sinal de amor e união e não de divisão. E é no ato de compartilhar essa cruz que o amor de vocês se torna um milagre vivo.
Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares