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A Cura do Julgamento: Como a Misericórdia Liberta a Mente da Raiva e da Condenação

A Cura do Julgamento: Como a Misericórdia Liberta a Mente da Raiva e da Condenação

“Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai, e ser-vos-á dado; uma boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos darão. Porque com a mesma medida com que medirdes, vós também sereis medidos.” (Lc 6, 37-38)

A passagem de hoje é uma das mais diretas e desafiadoras que Jesus nos oferece. Ela vai direto ao cerne da nossa saúde mental, pois o problema do julgamento e da condenação não está apenas em como tratamos os outros, mas em como isso nos condena por dentro. A medida com que julgamos é a mesma com que nosso próprio ego nos julga.

A agressividade e a rigidez com que tratamos o mundo são um reflexo do nosso crítico interno, aquela voz que nos diz que não somos bons o suficiente. Quando julgamos sem piedade, quando nossas palavras são cortantes, estamos, na verdade, ferindo a nós mesmos. Esse ciclo de julgamento e autopunição nos aprisiona em um estado constante de ansiedade, culpa e ressentimento.

A lógica do mundo nos diz para nos defendermos, para nos tornarmos “lobos” em um mundo de “lobos”. Nos ensina que a força está em dominar, em ser o mais esperto, em nunca mostrar vulnerabilidade. Mas Jesus nos oferece uma lógica completamente oposta, uma lógica que o mundo chamaria de louca: a lógica da misericórdia.

Praticar a misericórdia não é um sinal de fraqueza, mas de uma força interior imensa. O ato de perdoar e de não julgar não é um presente para a outra pessoa; é uma libertação para a nossa própria alma. O ressentimento é como um veneno que bebemos esperando que a outra pessoa morra. Mas a única pessoa que ele destrói somos nós mesmos.

A cura acontece quando nos libertamos desse veneno. Quando escolhemos a generosidade em vez da vingança, o perdão em vez do julgamento, o amor em vez da agressividade. Essa escolha é um ato de profunda saúde mental e espiritual, pois nos permite imitar a Deus, que é o Pai da misericórdia.

O evangelho de hoje nos lembra que a vida é um ciclo de dar e receber. “Com a mesma medida com que medirdes, vos medirão a vós.” Se doamos paz e misericórdia, seremos preenchidos com paz e misericórdia. Se damos julgamento e raiva, isso voltará para nós. A paz interior é um reflexo do que doamos ao mundo. A mão que se abre para doar é a mesma que recebe.

Jesus não estava brincando. Ele viveu Suas palavras até o fim, até a cruz, o ato supremo de misericórdia em meio à maior injustiça. Ele nos mostrou que é possível viver essa lógica, mesmo em um mundo de agressividade.

Que possamos, hoje, nos lembrar dessa verdade. Que possamos libertar a nossa mente do ciclo de julgamento e condenação, escolhendo a misericórdia como a nossa medida. É um caminho difícil, mas um caminho para a plenitude e a paz que o nosso coração tanto anseia.

Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares

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