Fé e Confiança no Relacionamento: O Segredo da Vulnerabilidade de Maria para um Amor que Não Morre

“E bem-aventurada é aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor se cumprirá.” (Lc 1,45)
Meus amigos, há algo de profundamente terapêutico e ao mesmo tempo assustador na cena do encontro entre a madura Isabel e a adolescente Maria. É uma apoteose, um momento de pura alegria e celebração, onde duas mulheres se encontram e reconhecem o milagre que está acontecendo nelas. Os outros, os servos e familiares, olham atônitos, sem entender a profundidade do que se passa. Só elas sabem, só elas compreendem a beleza do que estão vivendo.
Nós, como casais, vivemos algo semelhante. O amor que nos une é um milagre incompreensível para o mundo lá fora. Ito tudo foi possível porque, como Mariam acreditamos nas promessas.
Maria, acreditou que o Absoluto, o Deus onipotente, se tornaria vulnerabilidade e humildade em seu ventre, acreditou que Deus precisasse dela, do seu sim, para realizar a salvação, teve a ousadia de acolher uma promessa que a ultrapassava em todos os sentidos.
A fé de Maria não foi um gesto de inocência ingênua. Foi uma decisão consciente, uma confiança radical que a levou à vulnerabilidade total. Em um relacionamento, isso é o mais difícil: acreditar no outro com tamanha confiança que a gente se abre para o risco do amor total. Muitos de nós, frágeis discípulos, ficamos presos no medo, na nossa tibieza. Ficamos na nostalgia de um amor idealizado, sem a coragem de mergulhar na realidade de um amor que exige entrega.
A fé e confiança no relacionamento não são sentimentos passivos. É a escolha diária de acreditar no outro, mesmo quando as circunstâncias gritam o contrário. A ousadia de Maria nos ensina que a confiança no amor é o que nos permite carregar o milagre da unidade em nosso próprio “ventre” humano, com todas as nossas fragilidades. O amor verdadeiro não está isento de dor e sacrifício, mas a fé o torna possível.
A Assunção de Maria, que celebramos, não é apenas uma festa dela; é uma festa da nossa humanidade. É a prova de que uma pessoa que acolheu o milagre da vida em seu ventre não poderia ser corrompida pela morte. No casamento, a vida do nosso amor tem que ser tão poderosa, tão cheia de fé e confiança, que a morte do ressentimento, da rotina e do desinteresse não tenha poder sobre ele.
A loucura do Absoluto que Maria acolheu, nos convida a sermos loucos de amor, ou seja viver tudo com amor, juntos com nosso cônjuge, a acreditar que a unidade de nosso casamento é mais forte do que qualquer problema. A fé nos convida a assumir nossa vulnerabilidade, a rir e a chorar de alegria, como Isabel e Maria, diante do mistério de um amor que não cessa de nos transformar. Porque bem-aventurados somos nós que acreditamos, pois o que nos foi dito sobre a beleza e o poder do amor se cumprirá em nossas vidas. E é assim que o amor de um casal pode transcender tudo e se tornar um verdadeiro reflexo do amor de Deus.
Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares