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O Poder da Imperfeição: Como a Autoaceitação Liberta e Transforma a Vida

O Poder da Imperfeição: Como a Autoaceitação Liberta e Transforma a Vida

O Poder da Imperfeição: Como a Autoaceitação Liberta e Transforma a Vida

“E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e deles escolheu doze, a quem também deu o nome de apóstolos.” (Lc 6, 12-13)

A passagem de hoje nos revela uma das cenas mais profundas da vida de Jesus. Antes de escolher os seus doze apóstolos, Ele passa a noite inteira em oração. Ele pensa, avalia, e confia cada um ao Pai. E o que Ele faz em seguida é algo que vai de encontro a todas as nossas expectativas humanas: Ele não escolhe os melhores, os mais inteligentes ou os mais santos. Ele escolhe pessoas simples, cheias de falhas e de incoerências. Ele escolhe pescadores, um coletor de impostos e até um zelote, com a certeza de que eles poderão se tornar grandes.

Essa cena fala diretamente ao nosso coração e à nossa saúde mental. Somos nós, com nossa tendência ao perfeccionismo, que sonhamos em ser e ter os melhores. A nossa sociedade nos ensina que só somos dignos de amor e de reconhecimento quando somos impecáveis, sem erros. Essa mentalidade nos leva à ansiedade, à baixa autoestima e à exaustão, pois vivemos sob a pressão constante de sermos perfeitos.

Jesus, no entanto, nos mostra que o critério de Deus é radicalmente diferente. Ele não vê apenas nossos erros e nossas falhas, mas vê o nosso potencial, a nossa autenticidade e o nosso valor. Ele nos escolhe como somos, sem se preocupar demais com nossa imperfeição. E, na verdade, é justamente a partir de nossa imperfeição que Ele nos molda. Ele vê em nós aquilo que nós mesmos não vemos.

Essa confiança de Deus em nós é o primeiro passo para a nossa cura interior. A cura começa quando nos libertamos da necessidade de sermos perfeitos e, como os apóstolos, aceitamos ser “escolhidos” mesmo com nossas fragilidades. A autoaceitação é a base de toda liberdade.

O evangelho de hoje também nos fala de uma “força que cura” que saía de Jesus, a força de sua profunda e íntima união com o Pai. E essa força não era para ser guardada, mas para ser compartilhada com a multidão. Essa “força que cura” é o amor e o propósito que fluem de uma vida conectada a uma fonte maior. É a paz interior que encontramos quando deixamos de ser movidos pelos nossos medos e passamos a ser movidos pela .

Essa força também pode sair de nós. Uma vez que somos curados e nos libertamos do perfeccionismo, nos tornamos canais de amor e esperança para os outros. O ato de servir, de doar a nossa própria vulnerabilidade e o nosso testemunho aos outros, não é apenas um ato de generosidade, mas uma parte essencial da nossa própria cura.

Que possamos, hoje, nos sentir profundamente escolhidos por Deus, não apesar de nossas imperfeições, mas através delas. Que possamos nos libertar da obsessão por sermos perfeitos e, com a coragem dos apóstolos, nos tornarmos discípulos e instrumentos de cura para o mundo.

Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares

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