A Humildade que Liberta: O Segredo da Paz Interior e da Cura Emocional

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem, fico gravida pela poder do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e não queria difamá-la, pensou em deixá-la secretamente.” (Mt 1, 18-19)
A passagem de hoje, nos fala do nascimento de Jesus, começando com um momento de profunda incerteza e dor. O evangelho de Mateus nos apresenta José que, diante do que parecia ser uma traição, decide deixar Maria em segredo para não a expor à vergonha pública. A honestidade de José é imensa.
E é aqui que a história de Maria, celebrada neste dia, se torna um espelho para a nossa saúde mental. O mundo muitas vezes nos apresenta Maria como uma figura distante e perfeita. Uma “supermulher” que não se encaixa na nossa realidade. Mas a verdade é que ela é, acima de tudo, a primeira entre os discípulos, alguém que precisou de uma imensa coragem para viver o seu “sim” a Deus em um mundo que não a entendia.
Ela não era imune ao medo ou à dor. O caminho para se tornar a mãe do Messias foi feito de momentos de incompreensão e dureza. Ela viveu o vazio da incerteza, a ansiedade de não saber o que o futuro traria, juntamente com a dor de se sentir, por um tempo, completamente sozinha. Ela se tornou a nossa referência justamente por isso: porque ela entende. Ela entende o que é sentir-se vulnerável, o que é ter um propósito que ninguém mais compreende e o que é ser julgada.
O evangelho de hoje nos convida a celebrar as grandes coisas que Deus fez em Maria, mas também a reconhecer que Ele pode fazer as mesmas coisas em nós. O segredo não está em sermos perfeitos, mas em vivermos a liberdade interior, o despojamento e a humildade de Maria. A humildade que não é o ato de se rebaixar, mas a liberdade de aceitar nossa própria humanidade.
A sociedade espera que sejamos “super-heróis”, sempre fortes, sempre felizes, sem nunca mostrar a fraqueza. Essa busca pela perfeição é uma das maiores causas de ansiedade e exaustão. Maria nos mostra que a verdadeira paz interior e a cura começam quando abandonamos essa busca e, como ela, “escancaramos nosso coração” para o novo de Deus em nossa vida, mesmo quando a vida nos parece injusta e sem sentido.
Ao imitarmos a sua disponibilidade, a sua fé e a sua humildade, nós também nos tornamos capazes de receber o auxílio divino para nossas próprias jornadas. Maria não é uma figura distante; ela é a nossa companheira, a nossa guia, que nos mostra que a cura emocional e o crescimento espiritual andam de mãos dadas.
Que, neste dia, possamos nos inspirar nela. Que possamos ter a coragem de dizer “sim” à nossa própria história, mesmo com todas as suas dores e incompreensões. Que possamos ter a coragem de nos reconciliar com o nosso passado. E que possamos viver a humildade que nos liberta do medo de sermos imperfeitos. Pois é nessa aceitação que a paz de Deus nos encontra.
Hoje cantemos com alegria: Ensina o teu povo a rezar Maria mãe de Jesus, que um dia o teu povo desperta e na certa vai ver a luz.
Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares