PLANO TERAPÊUTICO – FOCO NA COMUNICAÇÃO ASSERTIVA DO CASAL

Com minha experiencia em atendimento de casais em 20 anos, desenvolvi este plano terapêutico para casais, o qual promove a restauração do vínculo comunicacional e afetivo entre o casal, desenvolvendo uma linguagem relacional baseada em respeito, empatia, escuta e expressão emocional madura, e gostaria de partilhar.
- Mapeamento dos Padrões de Comunicação
Objetivo: Identificar estilos e gatilhos de conflito.
- Observar o padrão “pergunto–ela se cala” e “ela se cala–eu insisto”, que gera escalada de tensão.
- Reconhecer o impacto do tom de voz, ritmo e linguagem não verbal (postura, expressão).
- Trabalhar a diferença entre comunicar-se para resolver e comunicar-se para provar um ponto.
- Regulação Emocional e Tom Afetivo
Objetivo: Diminuir o tom agressivo e aumentar a empatia.
- Exercitar o falar com leveza, educação e delicadeza, mesmo diante de desacordos.
- Treinar o ritmo da fala: falar mais devagar e pausadamente.
- Evitar ironias, sarcasmos, figuras de linguagem e “alfinetadas”.
- Substituir expressões ofensivas por comunicação assertiva (“Eu me sinto”, “Eu percebo”, “Eu gostaria”).
- Empatia e Escuta Ativa
Objetivo: Criar um espaço seguro de fala para ambos.
- Trabalhar o bloqueio dela em relação à fala e o controle dele sobre o diálogo.
- Desenvolver escuta empática: não interromper, ouvir sem preparar respostas, validar emoções.
- Diminuir a percepção de que “um quer ensinar o outro”, substituindo por “querer compreender o outro”.
- Limites e Respeito no Cotidiano
Objetivo: Estabelecer fronteiras claras entre vida pessoal e profissional.
- Definir limites para interrupções em momentos de trabalho ou reuniões.
- Treinar acordos de convivência (horários, espaço de fala, privacidade, tempo individual).
- Estimular o respeito mútuo nos momentos de tensão, evitando xingamentos e reações impulsivas.
- Construção de uma Comunicação Construtiva
Objetivo: Criar um canal contínuo de diálogo saudável.
- Estabelecer o “momento do casal” semanal para conversar com tranquilidade.
- Focar em soluções conjuntas, não em críticas.
- Praticar a técnica “eu em vez de você” — falar de si, não acusar o outro.
- Trabalhar a ideia de “reclamar menos, se aproximar mais”: buscar entendimento, não vitórias.
- Exposição Pública e Resolução Privada
Objetivo: Proteger o vínculo conjugal e a imagem do casal.
- Evitar expor conflitos em público, familiares ou redes sociais.
- Aprender a resolver diretamente com o parceiro, com foco em maturidade emocional.
- Trabalho Individual Dentro da Relação
Objetivo: Autoconhecimento e autorregulação.
- Ele: aprender a transformar o tom de liderança (gestão) em comunicação afetiva.
- Ela: aprender a abrir espaço para o diálogo sem se fechar na defesa.
- Ambos: praticar o cuidado mútuo, em vez de buscar “quem está certo”.
Psicoeducação sobre Estilos de Comunicação
O casal deve identificar seus padrões predominantes:
Agressivo: impõe, critica, fala alto, usa sarcasmo.
Passivo: evita conflito, se cala, acumula ressentimento.
Passivo-Agressivo: usa ironia, provoca, ignora.
Assertivo: comunica com respeito, clareza e empatia.
Regulação Emocional e Consciência Corporal
Muitas falhas na comunicação vêm da descarga emocional — o tom agressivo, a impaciência e a irritação são sintomas de tensão não regulada.
Intervenções úteis:
Pausa consciente antes de responder (contar até 5).
Respiração diafragmática para reduzir o tom e desacelerar.
Identificar o gatilho emocional (“Por que isso me fere tanto?”).
Combinar a “regra dos 10 minutos”: se um dos dois estiver alterado, adiar a conversa para quando ambos estiverem calmos.
Espelhamento e Validação Emocional
Treinar o casal a:
Repetir o que o outro disse, confirmando que entendeu (“Então, o que você quis dizer foi que se sentiu ignorada quando eu…”).
Validar o sentimento, mesmo sem concordar (“Entendo que você se sentiu magoada com meu tom”).
Isso quebra o ciclo de defesa e ataque e cria empatia.
Contrato de Comunicação Conjugal
Durante a terapia, o casal pode firmar acordos práticos, como:
Evitar discussões em público.
Não levantar a voz nem usar palavrões.
Ter um “momento semanal de diálogo” para resolver pendências.
Não interromper o outro até o final da fala.
Focar na solução, não na acusação.
Técnica da Escuta Ativa Empática
Ouvir para compreender, não para responder.
Fazer perguntas abertas: “Como você se sentiu com isso?”, “O que te faria se sentir mais acolhida?”
Demonstrar presença através do olhar, postura e silêncio receptivo.
Trabalho de Autoconhecimento e Vulnerabilidade
Como ele “é da área de gestão”, tende a usar o raciocínio lógico e argumentativo nas discussões — mas a comunicação afetiva exige abertura emocional, não racionalização.
Ela, por outro lado, tem bloqueios para falar e precisa aprender a se expressar sem medo de ser julgada ou corrigida.
Trabalhar a vulnerabilidade dos dois é essencial para gerar intimidade emocional.
Rituais de Reconexão
Reservar um momento do dia para diálogo leve, sem críticas.
Iniciar conversas com afeto e gratidão (“Gostei de como você me ouviu ontem”).
Usar humor positivo e gestos de carinho para reaproximar.