Amor não é Posse: Como a Posse e a Codependência Destroem o Relacionamento

“Ora, levantando-se Jesus da sinagoga, entrou em casa de Simão; e a sogra de Simão estava enferma com uma grande febre, e rogaram-lhe por ela. E, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. E ela, levantando-se logo, serviu-os. Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhes traziam; e, pondo as mãos sobre cada um deles, os curava.” (Lc 4, 38-40)
A passagem de hoje, onde Jesus cura a sogra de Pedro e depois cura a todos que Lhe são trazidos, é um retrato da Sua profunda misericórdia. Mas a história não termina aí. No dia seguinte, as pessoas de Cafarnaum querem retê-Lo. Eles O querem para si, como se fosse um curandeiro particular. E Jesus diz: “Não posso. Eu tenho que ir a outras cidades.”
Essa cena é uma poderosa metáfora para o relacionamento e para a libertação que o amor verdadeiro nos traz. Quantas vezes, no casamento, muitos tentam “reter” o seu cônjuge? Possuí-lo, enjaulá-lo, defini-lo ou bloqueá-lo? Querem ter um marido, uma mulher, pronto para realizar cada um de seus desejos (sadios e doentios), sempre presente para curar as feridas, querem um cônjuge escravo de suas vontades, vaidades e prazeres, não deixam o outro ter sua vida.
O amor genuíno, no entanto, não é um ato de posse, mas de liberdade. Jesus se move para ir, e nos convida a segui-Lo. Ele não é um objeto para a nossa felicidade, mas um caminho para o nosso propósito mais profundo. Em um casamento, a cura das feridas (seja da infância, dos traumas ou de problemas individuais) não é para que a gente se torne mais codependente um do outro, mas para que, como a sogra de Pedro, a gente possa se levantar e servir juntos.
A saúde de um relacionamento reside em sua capacidade de olhar para além de si mesmo. Um amor que existe apenas para o prazer e a conveniência mútua se torna egoísta, frágil e, por fim, se esgota. A felicidade duradoura não está em ter o outro para preencher os nossos vazios, mas em seguir juntos, lado a lado, em uma missão comum.
O chamado de Jesus para ir a outras cidades é um convite para que o casal descubra seu propósito comum. Um casamento que se torna um farol que irradia luz para outras pessoas se torna inabalável. O serviço ao próximo, o cuidado com a família, a participação em causas que importam, tudo isso dá significado e força à união.
Não tentem “reter” o seu parceiro em seus próprios medos e necessidades. Não o enjaúlem em seus próprios desejos. Em vez disso, sigam-no. Sigam-no em sua jornada de crescimento, em sua busca por realização. E, juntos, sigam a missão de curar o mundo com a bondade e a misericórdia que vocês aprenderam a viver na sua relação. Como terapeuta de casais, percebo que muitos se sentem sufocados pelo outro, e isto é sinal de imaturidade no relacionamento, cada um deve ter seu espaço e liberdade, seu tempo para um esporte, um Hobbie, um lazer. O amor deixa o outro livre!
Lembrem-se: o amor é um movimento, não uma prisão. A liberdade de amar e ser amado é a cura da codependência e da posse. Sigam o Mestre, e sintam a urgência, a necessidade de falar de Deus e do amor de vocês para outros corações, outras famílias e outras cidades.
Dr. Fernando Tadeu Barduzzi Tavares